Fonte: Simões Filho Online
Milhares de famílias de várias partes de Simões Filho sofrem com a espera do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Tem gente que já deveria ter recebido as chaves há mais de cinco anos.
Para estas famílias, quando chega o fim do mês vem a dor de cabeça. É hora de pagar o aluguel da casa. O desemprego que avança sobre mais de 22 milhões de brasileiros também faz suas vítimas em Simões Filho e força famílias inteiras a comprometer a alimentação para garantir o teto.
Há ainda os que já não conseguem nem mesmo dar conta do aluguel e moram de favor. Dentro dessas pessoas, resta a esperança de ser contemplada no programa Minha Casa, Minha Vida, mas a cada lista divulgada, deixa mais dramático ainda o estado desesperador de milhares de famílias que aguardam as moradias. Com isso, surgem também as histórias e os dramas de cada um.
A domestica, desempregada, Patrícia Adriele, de 26 anos, moradora do Bairro Simões Filho 1 relata que tem vivido momentos de sofrimento e denuncia descaso da Secretária de Desenvolvimento Social do município. “Eu tenho quatro filhos e estou morando de favor – a dona da casa vendeu o imóvel e me deu até o dia 20 de dezembro para sair da residencia. Eu disse a ela que não tinha condições de sair neste momento e pedi mais um tempo, pois, estou desempregada. Mas o homem que comprou a casa disse que não queria saber de minha situação – Eu não sei o que fazer. Desde de 2014 estou esperando ser contemplada no Programa Minha Casa, Minha Vida. Vejo várias pessoas na minha rua que têm casas e apartamentos próprios ganhando e eu que não tenho nada ainda não ganhei – com quatro filhos – marido desempregado e morando de favor. Isso é uma injustiça. Eu já procurei a Secretária Lucia Abreu, mas nada foi resolvido. Ela disse que não queria saber de minha situação”, contou ela aos prantos.
Situação não menos agoniante vive o Motorista Cesar de Oliveira Bastos, de 40 anos. O morador do Cia 2 está inscrito no programa desde de 2009 e até o momento não foi contemplado. Segundo ele, há irregularidades acontecendo. “Pessoas que tem casa particular em Simões Filho estão ganhando e nós que precisamos – eu moro de aluguel – não somos contemplados. E toda vez que chegamos aqui para falar com dona Lucia, ela não atende. Eu já estive aqui mais de seis vezes e nada foi resolvido. Os apartamentos são feitos para quem precisa. Tem muitas pessoas que não precisam sendo contemplados. Eu queria que dona Lucia se comovesse com a nossa situação. Eu queria que ela, junto com a Caixa Econômica Federal resolvesse nossa causa”, pediu.
A dona de casa, Sara Keli Silva de Oliveira, de 28 anos, moradora do KM-25, denunciou que estão tirando apartamentos de quem mais precisa para dar a quem não precisa. “Desde 2009 eu fui inscrita – entreguei meu documento com a promessa de ser contemplada para o Bela Vida. Ao procurar a secretaria, eles disseram que eu não fui aprovada porque meu rendimento era alto. Eu não tenho rendimento alto – eu e meu marido estamos desempregados – a unica coisa que recebo é o bolsa família”, disse. Sara ainda revelou que voltou a secretaria para entregar novos documentos e disseram que ela seria contemplada no Ipatinga. “A lista do Ipitanga já saiu e até agora nada. Cadê Lucia Abreu meu nome na lista? Que coisa feia, você tirando da gente que necessita para dar a outras pessoas que tem casa”, denunciou Sara.
Dona Ildete, de 42 anos, tem quatro filhos e também está em busca da realização do sonho da casa própria. Inscrita desde de 2009, ela relata o descaso por parte da Secretaria e pessoas com nome na lista duas vezes. “Eu não tenho peixada – por isso não conseguir ganha minha casa – eu conheço uma pessoa que tem quatro casas que ganhou apartamento do Minha Casa Minha Vida e já vendeu e voltou para sua antiga residencia. Também conheço uma pessoa que ganhou apartamento no Jardim Eldorado e acabou de sair o nome dela na lista novamente”, contou.
A dona de casa Juciene, de 28 anos, moradora do bairro Cora da Lagoa se inscreveu em 2013. Ela e o marido que estão desempregados e moram de aluguel. Ela, assim com outros inscritos, sonham ver seus nomes na próxima lista.
Outro lado
A Secretária de Desenvolvimento Social, Lucia Abreu, conversou com a reportagem do Simões Filho Online e rebateu sobre as denuncias de que há pessoas com boas condições financeiras ganhando apartamentos do programa. “O que posso dizer neste momento é que se alguém conhece pessoas que tenham casas e mesmo assim ganhou aparatamentos do MCMV, é só fazer uma denuncia junto a ouvidoria da Caixa para que o órgão tome as providencias e peça a reintegração de posse”, explicou.
Já em relação aos nomes de contemplados que saíram mais de uma vez em empreendimentos diferentes, Lucia explica que não há irregularidades. “Não tem problema. O fato de aparecer nome em duas listas diferentes acontece porque as vezes a pessoa vem até aqui, desiste de um empreendimento e vai para outro. A gente faz um novo dossiê – sendo aprovado – o dossiê anterior passa a não ter validade e ela não vai receber dois apartamentos de forma nenhuma”, disse.
Por último, a secretária revelou que falta a Lista complementar do Alvorada, com 124 nomes; a lista complementar do Universitário 2, com 70 nomes e a lista completa do Universitário 1, com 500 apartamentos. Até o dia 16 de dezembro, Lucia prever as entregas de quatro empreendimentos. São eles: Residenciais Ipitanga e Alvorada, ambos no bairro Simões Filho I e também os conjuntos habitacionais Parque Universitário I e II, localizados no bairro Vida Nova.
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Secretária de Habitação
A reportagem também procurou o Secretário de Habitação, Dr. Virgílio Daltro. Segundo ele, Simões Filho é 3ª cidade do Estado da Bahia que mais entrega moradias do programa Minha Casa Minha Vida. “Temos uma demanda de 34 mil habitações de interesse social e já entregamos 12 conjuntos Habitacionais, mais que Salvador – porem, não temos moradias para 34 mil pessoas”, revela.
“Em relação as denuncias, as mesmas devem ser levadas para a Caixa Econômica Federal ou até mesmo ao Ministério Público. A Caixa, até a pessoa quitar o seu imóvel é dona da habitação. Se existir essa pratica de usar indevidamente o imóvel, é errado. Nós precisamos se juntar com a imprensa para que haja transparência nisso e a gente possa duramente apurar e levarmos ao Ministério Público, a Polícia Federal e quem de direito”, concluiu.