Fonte: G1

Seis investigados em um esquema de venda irregular de imóveis de um programa habitacional da Caixa Econômica Federal em Santa Maria viraram réus. A decisão da Justiça Federal do Rio Grande do Sul é do começo desta semana. O negócio era feito por meio de uma imobiliária que tinha como sócio um policial militar.

A investigação da Polícia Federal apurou que a imobiliária teria negociado ao menos quatro apartamentos do programa de arrendamento residencial da Caixa, destinado a famílias que possuem renda de até dois salários mínimos.

Uma das acusadas por fazer parte do esquema é a conselheira tutelar Ana Caroline Santos Lopes, que arrendou um dos apartamento na cidade Santa Maria, em 2008. Antes mesmo de terminar de pagar as prestações, ela deixou a cidade. Mas, em vez de devolver o imóvel ao banco, vendeu o bem para a imobiliária. Ela nega.

“Jamais venderia (…) É uma coisa que comprei antes de ser casada, e jamais vou me desfazer”, afirmou a conselheira.

No entanto, a investigação conduzida pela PF encontrou uma transferência de R$ 2 mil feita a partir da conta imobiliária para o marido da conselheira, Ivan Paulinho Sebben, que é secretário de Planejamento da cidade de Passo do Sobrado. O valor seria referente à entrada do imóvel.

“Havia uma proposta de venda, só se nós quitássemos. Mas o contrato da Caixa é muito claro, não podemos vender, e nós não temos interesse”, afirmou Sebben.

Os imóveis do programa só podem ser vendidos dois anos depois do fim do contrato com o banco, que terminaria em 2025. O imóvel da conselheira, no entanto, foi ofertado pela imobiliária por R$ 100 mil.

Um cliente chegou a pagar a entrada, mas desfez o negócio porque não consegui a escritura. Se o negócio tivesse sido concluído, o lucro teria sido de R$ 70 mil, uma vez que, para os beneficiários do programa, o custo seria de R$ 30 mil.

Delegado Getúlio Jorge de Vargas investigou as irregularidades (Foto: Reprodução/RBS TV)

Delegado Getúlio Jorge de Vargas investigou as irregularidades (Foto: Reprodução/RBS TV)

“Muitas vezes o dono não tinha interesse no imóvel, e aí os interesses se complementavam. E como esses imóveis são muito subsidiados pelo governo, mais uma vez era dinheiro público indo pelo ralo”, explica o delegado da Polícia Federal Getúlio Jorge de Vargas.

Os donos da imobiliária devem responder pelo crime de estelionato. São eles: Giovana Marizete Ilha Machado e Ângelo Vasconcelos Brunelli, marido dela, que é policial militar.

De acordo com a investigação, ele usava o banco de dados da Brigada Militar para consultar nomes de clientes em potencial, tanto para a compra quanto para a venda dos imóveis, sendo que, muitas vezes, ele teria usado o telefone da esposa.

A Brigada Militar abriu um processo disciplinar contra Ângelo, mas ele pediu desligamento da corporação antes do julgamento.

Imóveis eram vendidos pela imobiliária, conforme a PF (Foto: Reprodução/RBS TV)

Imóveis eram vendidos pela imobiliária, conforme a PF (Foto: Reprodução/RBS TV)

O advogado dos donos da imobiliária, Daniel Tonetto, afirmou que ainda não teve acesso aos autos do processo. “Mas tenho conhecimento da denúncia, e no decorrer eles terão amplo direito a defesa e vão comprovar que são inocentes”, acrescentou.

Outras duas pessoas que também responderão por estelionato teriam tentado vender ou alugar os apartamentos por intermédio da mesma imobiliária.

Já a Caixa Econômica Federal informou que não vai comentar sobre o caso, uma vez que não é parte no processo. Ainda de acordo com o banco, a imobiliária está com as atividades suspensas como correspondente do programa.