Fonte: Folha Vitória
Pela primeira vez, o mercado financeiro passou a projetar a taxa básica de juros da economia (Selic) abaixo de 10% em 2017, segundo Boletim Focus publicado neste mês.
A expectativa era de que o taxa chegasse ao fim do ano em 10,25%. Agora, a tendência é de que caia para 9,75%, segundo projeções do Governo Federal.
Na atual crise econômica enfrentada pelo país, e com a redução cada vez mais acentuada da taxa de juros, muitos capixabas estão receosos quanto às melhores opções de investimentos para obtenção de lucro posterior.
Com rendimentos pouco atrativos, a caderneta de poupança tem perdido espaço entre os poupadores ao longo dos anos, segundo a análise de economistas. Para se ter uma ideia da queda da preferência pela aplicação, em 2016, a poupança era a escolha de 76% dos brasileiros que têm algum dinheiro guardado, mas o percentual já foi de 88% em 2012, ano em que registrou os menores juros da história. Os dados são de levantamento da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).
Neste cenário, duas modalidades estão conquistando espaço: o Tesouro Direto e o mercado imobiliário com opções de melhores rendimentos a longo prazo.
Para o economista Gustavo Moraes, da corretora de investimentos Uniletra, uma das melhores opções para os investidores neste momento é a compra de títulos pré-fixados.
“O mercado financeiro, basicamente, possui três títulos públicos que o investidor, uma pessoa física, pode comprar. O pré-fixado, que dá uma taxa de juros pré-fixada até o vencimento; o pós-fixado, que vai acompanhar a taxa Selic; e o indexado ao IPCA, que é a inflação, onde rende parte de juros e parte da inflação. O pré-fixado é uma das melhores opções atualmente porque consigo garantir uma rentabilidade”, explica.
O especialista garante que o investimento é muito simples, até mesmo para quem é leigo no assunto. “A primeira coisa é abrir uma conta na corretora de investimentos. Depois, transferir o recurso e solicitar a compra do Tesouro Direto. Em seguida, é preciso escolher um papel e fazer a compra. Todo investimento pode ser acompanhado online”.
Antes de investir, o comprador dos títulos pré-fixados precisa ter clareza da sua situação financeira pessoal e ter a certeza de que não precisará do dinheiro a curto prazo. “A pessoa precisa pensar muito bem na necessidade do capital. A gente tem papel até 2050, por exemplo. Como vou investir nisso sabendo que preciso do dinheiro antes?”, reflete.
Tesouro Direto: como investir?
>> O que são Títulos Prefixados?
Você sabe exatamente a rentabilidade que irá receber se mantiver o título até a data de vencimento. Para cada unidade de título, o valor bruto a ser recebido no vencimento é de R$1.000,00.
Esses títulos são indicados se você acredita que a taxa prefixada será maior que a taxa de juros básica da economia (Selic). Por terem rentabilidade predefinida, seu rendimento é nominal. Isso significa que é necessário descontar a inflação para obter o rendimento real da aplicação.
Tesouro Prefixado (LTN) / Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)
Fonte: Tesouro Fazenda
>> O que são Títulos Pós-fixados?
Neste caso, os títulos têm seu valor corrigido por um indexador: taxa básica de juros (Selic) ou inflação (IPCA)
Assim, a rentabilidade da aplicação é composta por uma taxa predefinida no momento da compra do título mais a variação de um indexador.
Tesouro Selic (LFT) / Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) / Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)
Fonte: Tesouro Fazenda
Mercado Imobiliário
Outra forma de fazer o dinheiro render é o “Investimento em cota de participação imobiliária”, na qual o investidor vira sócio de algum empreendimento. De acordo com o economista Thiago Pessotti, da Apex Partners, isso é possível graças às transformações vivenciadas pelo setor da construção civil.
“Houve um ciclo de 1995 a 2005 em que o investidor queria comprar apartamento direto na planta. A demanda era muito reprimida e o cliente que comprava para morar, ou investir, pagava à vista ou financiava diretamente com o incorporador. Já em 2005, vieram algumas legislações a nível federal que colocaram a figura do banco para participar mais ativamente. Neste caso, o preço do m² foi às alturas. Começou a surgir a visão do ‘não quero entrar participando do m²” e sim no custo da produção´. A maior parte dos investidores migrou para esse modelo, e ele continua até hoje”.
A crise, entretanto, teria mudado a forma de investir nesta área. “Quando o mercado vai amadurecendo, a velocidade das vendas tende a ser menor. A crise veio pior do que todo mundo esperava e isso fez acelerar esse processo. O cenário exige mais dinheiro e recursos para o incorporador durante a obra, e isso abriu espaço para novos modelos. O investidor, que primeiro comprava no m² como cliente e depois como condômino, agora pode ser um sócio”.
O especialista explica que atualmente é possível que um investidor médio participe de um empreendimento, ainda em construção, e adquira uma cota, no valor que pode variar de R$ 100 mil a R$ 500 mil. “O empreendimento custa R$ 100 mil, então a pessoa entra com investimento e isso permite que ela seja sócia. Ela vai se comprometer com a participação. A diferença do custo para construir e o preço de venda vai ser o lucro do investidor. Você investe, tem retorno e ainda possui a opção de ficar com o imóvel”, explica.
Nesse tipo de modalidade é importante que as obras escolhidas tenham boa liquidez. Para o economista, Vitória tem o mercado mais maduro, com estoques regulados e onde o preço do m² não varia. “A gente entende que no pós-crise o setor imobiliário é o que vai reagir primeiro. Nós percebemos que só o município de Vitória possui um mercado maduro”.