Fonte: Monitor Digital

O Radar da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)- Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de dezembro revela que as condições gerais do mercado imobiliário apresentaram nota média de 2,3 na escala entre 0 (menos favorável) a 10 (mais favorável), indicando nova deterioração das condições de mercado em outubro de 2016. A atualização marca também o menor patamar da série histórica, que é desde janeiro de 2004.
A análise mostra que houve uma ligeira recuperação nos indicadores de confiança e condições de financiamento, o que garantiu, respectivamente, a estabilização no grupo de indicadores dos ambientes macro e crédito imobiliário.
Por outro lado, os recuos nos indicadores de demanda (-0,3) e ambiente setorial (-0,2) impactaram negativamente a nota média geral. A manutenção do quadro negativo na demanda está associada ao recuo nos indicadores relacionados ao mercado de trabalho, como emprego e massa salarial.
Ao todo, quatro dos 12 indicadores encontram-se nos níveis mais baixos da série histórica: emprego, massa salarial, atividade e preço dos imóveis. Em 2016, a nota média dada às condições gerais do mercado imobiliário no Radar Abrainc-Fipe acumula queda de um ponto.
Já no horizonte dos últimos 12 meses, o recuo de 1,1 ponto ainda reflete a manutenção do quadro restritivo do crédito, a retração da demanda e o recuo da atividade econômica no país.
O vice-presidente-executivo da Abrainc, Renato Ventura, afirma que o setor imobiliário tem sido bastante impactado nos últimos anos, com o fechamento expressivo de postos de trabalho, o que retroalimenta o desemprego e adia a retomada.
– Esperamos que este círculo comece a se reverter em 2017, permitindo a geração de empregos e contribuindo para a necessária retomada na produção de moradias – diz o executivo.
O Radar Abrainc-Fipe combina 12 índices dos setores imobiliário e econômico em quatro dimensões: ambiente do setor, ambiente macroeconômico, demanda e crédito imobiliário, com dados desde janeiro de 2004. Cada um dos indicadores possui uma metodologia própria de cálculo, desenvolvida para capturar a relação (interpretação) desejada entre a sua média e as condições enfrentadas pelo mercado ao longo do tempo. Dessa forma, são atribuídas médias de 0 a 10 para cada indicador, de modo que é possível apresentar todos os 12 indicadores na mesma escala de pontuação. Ao longo do tempo, as médias dos indicadores exibirão um comportamento correspondente à variação das condições do mercado imobiliário, assim o nível pode indicar se o cenário atual está: favorável e/ou estimula a atividade do setor; próximo à tendência histórica ou ao esperado para o momento; ou compromete e/ou desestimula o setor.

SP: vendas de imóveis usados caem com a redução dos financiamentos na capital
As vendas de imóveis usados na cidade de São Paulo caíram 7,11% em novembro, mês em que a participação dos financiamentos bancários nessas operações caiu ao mais baixo nível do ano. Apenas 34,29% das casas e apartamentos vendidos contaram com o crédito da Caixa e demais bancos que emprestam recursos para a compra da casa própria.
Essa queda de 7,11% nas vendas também foi influenciada pela alta dos preços médios do metro quadrado dos imóveis usados, de 8,91%. Foi o segundo maior aumento deste ano, superado apenas pelos 17,89% de abril.
Os números foram apurados em pesquisa com 320 imobiliárias da Capital pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP). Das unidades vendidas em novembro, 80% eram apartamentos e 20%, casas.
– Foi quase como uma tempestade perfeita, essa junção de preço em alta e financiamento escasso – afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.
Mas ele ressalva que a decepção com os resultados desse período não significa que o ano esteja perdido.
– Apesar da crise econômica, as vendas estão resistindo e acumulam crescimento de 55,93% nestes 11 meses.
Segundo a pesquisa Creci-SP, a maioria das vendas em novembro, 62,86% do total, foi feita com pagamento à vista. Um pequeno número de unidades, 2,86%, trocou de dono mediante pagamento parcelado bancado pelos donos dos imóveis. Não houve registro de venda pode meio de consórcios imobiliários.
Grande parte dos imóveis usados vendidos nesse período – 48,57% do total – custou até R$ 500 mil. Na divisão por faixa de preço, 61,9% deles saíram por até R$ 6 mil o metro quadrado, em média. Todos foram vendidos com descontos sobre o preço originalmente pedido pelos proprietários.
Os descontos médios foram de 6,33% para casas e apartamentos situados em bairros da Zona D, como Água Rasa e Cupecê; de 8,87% na Zona B, que agrupa bairros como Brooklin e Granja Viana; de 9,38% para imóveis na Zona C, que reúne bairros como Saúde e Tucuruvi; de 11,11% nos bairros da Zona E, como Brasilândia e Itaquera. Na Zona A, onde estão agrupados bairros com preços de imóveis mais caros como os Jardins, o desconto médio foi de 8,94%. Esse percentual de desconto é 164,5% maior que os 3,38% de outubro, e provavelmente foi o principal motivo para que a Zona A ocupasse a segunda posição em número de imóveis vendidos – 25,72% do total.
O primeiro lugar, segundo a pesquisa do Creci-SP, coube à Zona B, com 28,52% das vendas, seguida pela Zona C (18,59%), Zona D (14,35%) e Zona E (12,82%). Em contrapartida, foi também na Zona A que a pesquisa registrou o maior aumento de preço médio em novembro. Apartamentos de padrão luxo com mais de 15 anos de construção foram vendidos em média por R$ 12.928,81 o metro quadrado, 66,82% a mais que os R$ 7.750 apurados em outubro. O preço que mais baixou foi o de apartamentos de padrão médio com mais de 15 anos de construção situados em bairros da Zona B – a queda foi de 21,22%, com o preço médio caindo de R$ 7.325,12 para R$ 5.770,52.
Depois de dois meses em baixa, em novembro, o mercado de locação residencial na cidade de São Paulo apresentou crescimento de 5,88% no número de casas e apartamentos alugados em relação a outubro. Foram consultadas 320 imobiliárias pelo Creci-SP) e do total de imóveis alugados, 54,68% eram apartamentos e 45,32%, casas.
Os aluguéis subiram em média 4,12% no período, mas nos últimos 12 meses acumulam baixa de 2,05%. Com o aluguel perdendo para a inflação, que em 12 meses até novembro está 6,99% pelo IPCA do IBGE, o número de unidades alugadas este ano acumula crescimento de 26,37%.
– O que tem forçado o aluguel para baixo ao mesmo tempo em que o número de locações cresce é a crise econômica que reduz o poder de compra nas duas pontas do sistema: de quem não pode comprar e opta forçosamente pela locação e de quem precisa alugar para reduzir as despesas com condomínio e impostos – afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.