A pandemia que assola o mundo impacta diretamente no mercado imobiliário, o que, por incrível que parece, pode, sim, ser considerado positivo. A tendência é que financiamentos habitacionais de imóveis mais distantes dos centros comerciais e mais próximos da natureza com qualidade de vida sejam mais procurados.
Quem aposta nesse cenário é o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa. Uma das justificativas é que, após a pandemia, o trabalho home office continue a ser adotado por muitas empresas, fazendo com que vários destes trabalhadores possam optar por imóveis mais afastados dos grandes centros urbanos.
Atualmente, nos grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, as pessoas buscam residências próximas de seu trabalho para facilitar a locomoção e evitar os grandes engarrafamentos, como aponta Vinícius Costa. “Porém essa realidade nem sempre se concretiza em razão dos elevados valores dos imóveis, ou, quando se realiza, é necessário um investimento muito alto que implica ajuste de contas mais apertado para o mutuário”, observa.
Por outro lado, as regiões mais afastadas dos grandes centros comerciais costumam ter uma valorização menor, justamente por ficarem longe do local de trabalho da maioria das pessoas. Como resultado, os moradores destas regiões perdem muito tempo com deslocamentos, seja por meio de transporte público seja com seu próprio veículo, para chegarem ao trabalho.
Com a tendência não só de manutenção, mas também da implantação do trabalho em casa pelas empresas, a expectativa é de que haja um impulsionamento de vários setores que abrangem o mercado imobiliário. “A previsão é de que haja novos negócios para os construtores e para as instituições financeiras que operam no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário (SFI)”, prevê Vinícius Costa.
Com este cenário, o natural é que as pessoas busquem qualidade de vida e a realização da tão sonhada casa própria, migrando dos grandes centros para áreas rurais ou cidades menores de regiões metropolitanas, o chamado êxodo urbano. “Isso propicia novas construções e novos financiamentos habitacionais, fazendo com que muitos saiam de regiões centrais para alugar ou até mesmo comprar um imóvel mais afastado com maiores comodidades para residência e trabalho”, observa.
Para Vinicius Costa, a tendência de se manter parte dos empregados em home office e a mudança da forma de trabalho precisa ser aproveitada pelo mercado imobiliário. “O que vai se perder nos grandes centros tende a se ganhar nas regiões mais afastadas que possam propiciar qualidade de vida e melhor exercício do trabalho. Aqueles que estiverem atentos a essa nova realidade e estiverem dispostos a investir nesse novo conceito tendem a despontar no mercado imobiliário.”