Fonte: Fabiola Moura, da Bloomberg
Os investidores brasileiros, que procuram uma alternativa ao mercado imobiliário de risco do país, estão voltando para a Flórida não só para investir em imóveis como para também estabelecer uma fonte de renda em dólares.
A segunda casa em Miami é uma opção popular para os brasileiros endinheirados há décadas, mas estão sendo disponibilizadas novas opções para ajudar os investidores a se protegerem do risco cambial e aproveitarem as condições de mercado melhores do que as domésticas.
Nos EUA, “se uma dessas famílias deixa de pagar, você tem amparo jurídico para performar os contratos”, disse Fernando Fiúza, diretor-gerente da TRX Residential, que busca investidores individuais brasileiros ricos para ajudar a empresa a quase dobrar sua carteira de US$ 140 milhões em unidades residenciais alugadas nos EUA. “No Brasil, despejar alguém é o fim do mundo”.
A queda dos aluguéis, aliada à inflação de cerca de 9 por cento no Brasil nos últimos 12 meses, resultou em uma taxa de retorno de 4,4 por cento, uma baixa histórica, segundo dados compilados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pelo site Zap Imóveis.
“Está todo mundo renegociando contratos de aluguel para abaixar e não para aumentar” no Brasil, disse Alessandra Ourique, sócia especializada em direito imobiliário do escritório Hesketh Advogados em São Paulo. “Isso sem falar da inadimplência”.
Em contrapartida, o mercado dos EUA tem mostrado resiliência. A demanda por apartamentos foi impulsionada na última década por antigos donos de residências que perderam suas propriedades com o estouro da bolha imobiliária e pela geração Y, mais inclinada a alugar do que a comprar, disse Ryan Severino, economista-chefe da Reis Inc.
Os brasileiros ficaram em terceiro lugar entre os estrangeiros que buscavam imóveis no Sul da Flórida em junho, segundo a Associação dos Corretores de Miami, atrás dos colombianos e dos venezuelanos. O Brasil havia caído para o quinto lugar neste ano nos rankings mensais do grupo após liderar a lista com frequência entre o fim de 2014 e o fim do ano passado.
O Sul da Flórida atrai investidores brasileiros há tempos. No auge do crescimento econômico do Brasil, a elite do país –com a poupança engordada pela valorização do real–, migrou para condomínios de luxo dentro e nos arredores de Miami. Mas esse mercado perdeu força desde então devido à oferta acumulada nas torres novas. A diferença, agora, é que em vez de comprarem condomínios e segundas residências, alguns brasileiros ricos estão investindo em gestão de propriedades.
A taxa média de vacância nos EUA como um todo está em 4,5% atualmente, enquanto em Miami é de 4,9%, disse Severino.