Especialista em mercado imobiliário aponta que, mesmo com a crise, vale a pena apostar no segmento
Inflação e juros em alta, aumento dos impostos, baixo crescimento econômico e pessimismo por parte dos empresários. Por incrível que pareça, este cenário é favorável para quem pode investir em imóveis já que, segundo índice FipeZap Ampliado divulgado hoje, o preço médio do metro quadrado dos imóveis anunciados em 20 cidades brasileiras ficou abaixo da inflação pelo quinto mês seguido, indicando queda real de preços.
Mesmo com a crise econômica, o diretor da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, afirma que investir em imóveis continua sendo um bom negócio devido à falta de moradia para todos os brasileiros. Dados da Fundação João Pinheiro confirmam esse quadro. A Pesquisa Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010, realizada em parceria com o Ministério das Cidades, que pela primeira vez analisou todas as cidades do país, apontou déficit de 6,940 milhões de unidades, sendo 85% na área urbana. Para os pesquisadores, o conceito de déficit não significa falta de casas, mas sim más condições, o que inclui desde moradias precárias até aluguéis altos demais.
Hoje, 73% das famílias que se enquadram neste déficit recebem até três salários mínimos, conforme estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas. Ainda de acordo com o levantamento, a estimativa é de que a demanda por habitação de baixa renda alcançará 20 milhões de unidades em dez anos. Atualmente, o déficit está em cinco milhões de moradias. “Por tal motivo, embora o percentual de valorização tenha sido menor no último ano, os imóveis residenciais ainda são uma boa alternativa, especialmente para aquele investidor que tem um perfil mais conservador”, acrescenta Lúcio Delfino.
O diretor da ABMH defende que a compra de imóvel para moradia própria, embora não seja considerada uma forma direta de investimento. “Certamente é bom negócio, já que, além de sair do aluguel, o comprador se beneficiará da valorização a longo prazo”, diz.
Independente da finalidade da aquisição do imóvel, a vantagem é que, dificilmente, o interessado no negócio terá prejuízo, como afirma Lúcio Delfino. “Após a conclusão das obras (construção ou reforma), as unidades são mais caras que aquelas adquiridas na planta ou em pior estado de conservação. Além disso, após receber as chaves, o investidor tem a opção de vender ou alugar, aumentando as formas de lucrar com o bem.”
Como principal ponto negativo de investir em imóveis, Lúcio Delfino aponta a baixa liquidez (venda ou locação). “Isso se deve não só ao tempo médio de venda ou início da locação, mas também à burocracia inerente ao negócio. Nesse caso, além do capital ficar ‘parado’, o proprietário terá despesas com condomínio e IPTU, por exemplo. O investidor precisa lembrar ainda que, diferente de outras modalidades de investimento, o lucro decorrente da venda ou do aluguel é tributado pela Receita Federal”, ressalta o diretor da ABMH.