Uma mudança de estratégia é que muitas construtoras estão passando a demolir não apenas casas, mas também prédios inteiros para viabilizar nova construção

Fonte: O Povo Online

O mercado imobiliário em Fortaleza tem mostrado que consegue ser maleável ao se expandir para áreas anteriormente pouco exploradas da cidade. No entanto, o eixo Aldeota-Meireles e suas imediações continuam atraindo de modo expressivo a atenção das construtoras.

Em meio a isso, conseguir o terreno ideal para a construção fica cada vez mais difícil. Manoel Lourenço dos Santos, diretor de obras de construção civil do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) e sócio-administrador da construtora Columbia, diz que as dificuldades aparecem principalmente pela baixa oferta de terrenos em localizações apropriadas e grandes o suficiente para um novo empreendimento, principalmente no Meireles, onde a procura é maior.

Flávio Pinto, presidente da Rede Imobiliária Cearense (RIC), conta que hoje em dia, para um empreendimento residencial ou comercial, o terreno deve ter no mínimo 2 mil metros quadrados. A partir desse patamar, ele conta, é que é possível ter um valor geral de vendas (VGV) proveitoso, acima de R$ 130 milhões. Segundo ele, é importante que a construtora não erre na compra do terreno e preste atenção a elementos como posição em relação ao sol e a oferta de serviços nos arredores.

Uma das grandes dificuldades para fechar negócio e conseguir esses terrenos é ter que lidar com vários proprietários diferentes para conseguir um só espaço. Com a oferta menor de terrenos em boas localizações, é comum que as empresas tenham que comprar vários espaços para conseguir um que atenda a suas necessidades.

Uma das mudanças de estratégia observadas no mercado nesse contexto é que muitas construtoras hoje estão passando a demolir não apenas casas, mas também prédios inteiros para viabilizar uma nova construção. Isso acontece porque os terrenos com casas disponíveis para a venda nesses bairros ficam cada vez mais raros. Isso, apesar de significar custos maiores por parte da empresa, é muitas vezes o preço que se paga para conseguir a localização desejada.

Ronaldo Aguiar Filho, diretor comercial da construtora Mendonça Aguiar, conta que a empresa ainda não teve que fazer isso, mas já chegaram a demolir casa de três andares para poder usar um terreno em localização boa. O maior número de unidades habitacionais envolvidas significa mais proprietários com quem se deve negociar, o que resulta em um período mais longo para que tudo seja acertado. Segundo Ronaldo, o último terreno que adquiriram pertencia a quatro famílias e exigiu cerca de um ano de negociação.

Permuta

A permuta, opção muito usada nessas negociações, não é deixada para trás. Com ela, o proprietário do terreno pode adquirir unidades do empreendimento, pode ser vantajosa para ambas as partes. Manoel Lourenço lembra que, nesse caso, é importante que a construtora em questão preze pela credibilidade do próprio nome, uma vez que isso é decisivo na hora de negociar com o proprietário.
Flávio Pinto conta que essa estratégia tem sido mais comum nos últimos tempos, já que muitas vezes a compra do terreno sai muito caro para a construtora. Além disso, é comum que se ofereçam facilidades adicionais, como pagamento de aluguel para o proprietário do terreno morar em outro imóvel enquanto o empreendimento é construído.