O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, declarou em seu discurso de posse, no último dia 7, que a empresa pública disponibilizará financiamento para classe média com juros de mercado. Diante desse anúncio, a questão quanto o mercado imobiliário como um todo pode ser impactado.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, no que se refere a financiamento habitacional, não se pode simplesmente limitar as operações ao contrato firmado entre banco e mutuário. “Isso porque para se chegar nesse ponto, é necessário primeiro efetuar uma compra e venda. E para o caso de compra de imóvel novo ou na planta, ainda temos a situação de construção do empreendimento que envolve outras relações jurídicas que também podem ser afetadas”, informa.
Em um primeiro instante a fala pode assustar, pois deixa claro que a Caixa pode vir a praticar taxa de juros mais alta para financiamentos habitacionais, como analisa Vinícius Costa. “E considerando que o mercado brasileiro tende a trabalhar em cima de especulações, espera-se que já de imediato reaja com certa rejeição tendendo a diminuir as operações. Contudo, só podemos afirmar que há impacto negativo a partir do momento em que medidas forem tomadas”, aponta.
Por outro lado, é importante destacar que no último semestre do ano de 2018 a Caixa Econômica Federal, reconhecendo a perda de parcela do mercado para os bancos privados, optou por reduzir a taxa de juros de seus financiamentos para voltar a ter a parcela do mercado que migrou para os bancos privados. “Logo, não seria surpresa a elevação para uma posterior redução”, analisa o presidente da ABMH.
Atualmente, tomando como base a própria Caixa Econômica Federal, no mercado imobiliário há uma gama considerável de modalidades de financiamento, como indica Vinícius Costa. “Há possibilidade de se financiar dentro do Minha Casa Minha Vida, com recursos do FGTS e ou do SBPE (Poupança), enquadrando-se o contrato no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Quando se fala em classe média, ela pode se encaixar tanto no programa Minha Casa Minha Vida, quanto nas demais formas de financiamento, isso porque na faixa 3 do MCMV a renda familiar poderá chegar a R$ 9.000,00, valor consideravelmente elevado se comparado à faixa 1 do próprio programa (R$ 1.800,00).”
Olhando pelo lado mercadológico, o presidente da ABMH diz que é importante que as instituições operem de acordo com o mercado, pois o estímulo à concorrência faz com que o consumidor tenha maiores condições de direcionar a taxa de juros. “O motivo é simples: a partir do momento em que vários fornecedores atuam no mesmo ramo com condições diversificadas, o consumidor passa a pesquisar melhor e escolher aquele que lhe apresenta algo diferente, sendo que esse diferente pode ser justamente a taxa de juros. Havendo destaque para uma instituição dentro do setor imobiliário, aquela outra instituição que quiser angariar essa parcela do mercado de consumo deverá apresentar condições competitivas, ou seja, deverá investir neste mercado concedendo as mesmas condições ou condições melhores ao consumidor.”