A Caixa Econômica Federal apresentou, recentemente, medidas de estímulo ao crédito imobiliário, com aumento da cota de financiamento de imóveis usados, que deverá alavancar o mercado como um todo. De acordo com o banco, hoje é possível financiar até 50% do valor do imóvel usado, percentual que passará a 70%, no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Já no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que financia imóveis avaliados acima de R$ 750 mil, o limite passou de 40% para 60% do valor da compra e venda. Além disso, a CEF anunciou a reabertura do financiamento do segundo imóvel.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação, Lúcio Delfino, as medidas podem ajudar a aquecer um pouco o mercado imobiliário, mas está longe de resolver o problema do déficit habitacional do país
Como a ABMH vê essa liberação notícia da CEF de alteração dos padrões de financiamento dos imóveis usados?
Lúcio Delfino – Com bons olhos, porque, além de ser o banco que mais concede crédito imobiliário do país, a Caixa tem um grande histórico de atuação na área habitacional e, via de regra, as menores taxas de juros do mercado.
Essa notícia tem impacto direto e imediato no mercado imobiliário?
Lúcio Delfino – A medida pode ajudar a aquecer um pouco o mercado imobiliário, aumentando a liquidez e o preço dos imóveis usados, mas está longe de resolver o problema do déficit habitacional do país, até porque não atinge a parcela da população que mais precisa da casa própria: pessoas com menor renda, que dependem de linhas de crédito do FGTS ou do Governo Federal, através do programa Minha Casa Minha Vida.
Quem poderá ser beneficiado por essas novas medidas?
Lúcio Delfino – Pessoas que pretendam comprar ou vender imóveis usados ou adquirir um segundo imóvel.
Esse tipo de medida pode desaquecer ainda mais o mercado de venda de imóveis novos?
Lúcio Delfino – Toda medida é bem-vinda e pode, sim, atingir o mercado de bens imóveis novos. Por exemplo: quem já possui moradia própria e pretende fazer um upgrade para uma unidade nova, naturalmente terá que vender seu imóvel (usado) para conseguir concluir a compra; nesse caso, quanto mais crédito disponível, mais fácil se torna a venda.
Há algum risco ou cuidado que o futuro mutuário deva ficar atento?
Lúcio Delfino – Toda compra e venda deve se cercar de vários cuidados, para que o sonho não se torne um pesadelo. Além de planejar a compra, analisar a documentação com a ajuda de um advogado e não comprometer mais de 20% da renda familiar com o pagamento da prestação mensal, o comprador deve lembrar que terá gastos com mudança, instalações elétricas e hidráulicas, eventual compra de móveis e eletrodomésticos, decoração, tributos, custas cartorárias, entre outros. No caso de imóvel usado, é comum que necessite de reformas antes de receber os novos moradores. Por isso, é importante fazer uma avaliação prévia do custo dessas intervenções, contando com a ajuda de um profissional habilitado. Embora pareçam detalhes, é bom colocar tudo na ponta da caneta antes de assinar o contrato, evitando surpresas desagradáveis e, até mesmo, a inviabilidade do negócio. Mais detalhes na Cartilha da Casa Própria.