Fonte: Extra

BRASÍLIA – A decisão de elevar, pela segunda vez em poucos meses, o limite de preço de imóvel que pode ser adquirido com recursos do FGTS do comprador atende à demanda do setor da construção civil, que viu despencar o número de unidades vendidas e de empreendimentos começados nos últimos dois anos. O segmento de imóveis para as classes média e alta – diretamente beneficiadas pelo novo teto de R$ 1,5 milhão – foi o mais prejudicado pela crise, que atingiu de forma muito menos intensa o nicho para as classes mais baixas, atendidas especialmente pelo programa Minha Casa Minha Vida.

A crise causou perda forte à renda das famílias e uma piora substancial das condições dos financiamentos, com maior restrição dos bancos e juros mais elevados. A escassez dos recursos da poupança, uma das principais fontes de financiamento habitacional para a classe média, também ajudou a travar o mercado imobiliário no segmento.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip), 2016 fechou com queda de 38,3% nos financiamentos habitacionais com recursos da poupança, na comparação com o ano anterior. O montante caiu de R$ 75,5 bilhões para R$ 46,6 bilhões; o número de unidade contratadas despencou 41,5% no período.

Na tentativa de estimular o setor, um dos mais dinâmicos da economia, o governo reajustou no início deste mês os parâmetros do Minha Casa Minha Vida, com elevação do limite de venda dos imóveis para R$ 240 mil e ampliação do programa às famílias com renda de até R$ 9 mil.

O aumento do limite do valor do imóvel a ser financiado com recursos do FGTS para R$ 1,5 milhão fazia parte do pacote de medidas para o setor e só foi anunciado nesta quinta-feira. A ideia é permitir que os compradores usem o saldo da conta para dar como entrada na compra de um imóvel mais caro.

Para o consultor José Urbano Duarte (ex vice-presidente da Caixa), o conjunto de medidas vai ajudar a melhorar as condições do mercado como um todo:

— Apenas a elevação do teto SFH teria efeito num nicho muito específico e restrito do mercado. O positivo é que é mais uma medida que se soma a outras no Minha Casa Minha Vida divulgadas e em implementação, que tem o mesmo foco: melhorar as condições de compra de um imóvel, via financiamento — disse ele.

O mercado agora espera que a equipe econômica e os órgãos de defesa do consumidor cheguem a solução para enfrentar o problema do distrato (quando o cliente desiste da compra e pede o dinheiro de volta), que também aumentou com a crise.

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