Fonte: Valor Econômico
O gasto excessivo com aluguel em tempos de recessão somado ao encolhimento do setor de construção civil e do programa Minha Casa, Minha Vida nos últimos dois anos deve fazer avançar o déficit habitacional no país.
Dados preliminares da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mais recente, de 2015, aponta crescimento anual de cerca de 30% dos lares afetados pelo alto comprometimento da renda com pagamento do aluguel. No total 3,8 milhões de moradias têm esse problema, dado que agrava o déficit habitacional. Além disso, entre 2013 e 2015 houve reduç
Para especialistas, essa dinâmica, que continuará em 2017, tem o poder de reverter a estabilidade dos últimos anos do déficit habitacional, que girou em torno de 5,5 milhões a 6 milhões de moradias.
Luiza Souza, coordenadora da Fundação João Pinheiro (FJP), entidade do governo mineiro que há mais de 20 anos produz estudo sobre o déficit habitacional que é adotado como oficial pelo Ministério das Cidades, explica que quase 85% das famílias que figuram no indicador ganham até três salários mínimos. São elas as que mais sofrem com a baixa produçã
“Em 2007, o ônus excessivo com aluguel representava 32% do déficit habitacional do país. Em 2014 subiu para 48%, uma alta muito acentuada. Nas regiões metropolitanas, onde sabemos que o aluguel compromete ainda mais o orçamento familiar, o peso do componente é bem superior a 50%. Isso deve se acentuar ainda mais nos próximos anos, principalmente co
Segundo ela, o relatório referente ao déficit de 2015 sairá em meados deste ano, mas já é possível vislumbrar piora nos dados, apesar da defasagem das informações coletadas a partir dos microdados da Pnad. “É algo muito ligado à situação econômica, à perda de poder aquisitivo, ao desemprego, mas é preciso aguardar o fechamento das cole tas para sab
A economista Ana Maria Castelo, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), que estuda o tema há mais de dez anos, observa que todos os componentes do déficit habitacional estão em queda, exceto o ônus excessivo com aluguel. “O grande desafio são as famílias carentes e de baixa renda essencialmente dos centros urbanos. O mercado não vai atender es
O ônus excessivo com aluguel é o componente com maior peso no cálculo do déficit habitacional brasileiro. Ele é caracterizado por famílias que comprometem mais de 30% da renda para pagar o aluguel. Habitação precária, coabitação familiar e adensamento excessivo são os outros itens que compõem a metodologia de cálculo do indicador – de 2011 para cá,
Na opinião da arquiteta e urbanista Margareth Matiko Uemura, diretora do Instituto Pólis, falta coordenação entre prefeituras, governos estaduais e União na condução das políticas públicas com foco no perfil mais afetado pelo déficit habitacional. “Resta pensar a política habitacional de forma conjunta com a questão urbana, com governos agindo em p
Em São Paulo, governo estadual e prefeitura da capital criaram programas habitacionais com recursos complementares aos subsídios à faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida por causa dos altos preços dos terrenos. Estado e município entram com R$ 20 mil cada por unidade habitacional contratada com dinheiro da União. Só na capital há projetos aprovados para
“O grosso do dinheiro do Minha Casa, Minha Vida acabou. Já teve orçamento de R$ 30 bilhões nos tempos áureos, agora é preciso pagar obras paradas e em execução com os R$ 6 bilhões deste ano. Com a sobra dá para pensar em contratações novas para faixa 1, mas não tudo em São Paulo”, diz Ronaldo Cury, do Sindicato da Indústria da Construção Civil do E