Fonte: Diário do Grande ABC

A obra de um conjunto habitacional na Rua Capitão Rufino Ângelo Ramos, no Jardim Kennedy, em Mauá (próximo à divisa com Ribeirão Pires), está abandonada desde 2009, quando o serviços foram interrompidos por determinação do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Em 2011, os prédios inacabado foram invadidos e, desde então, estão ocupados irregularmente por famílias, que se adaptaram à infraestrutura incompleta.

O conjunto possui diversos “gatos” para realizar o fornecimento de água e luz no local. Outro problema enfrentado pelos habitantes é o telhado incompleto.

Em período de chuvas, a área de escada do prédio sofre com alagamentos e goteiras. “Também queria que regularizassem o fornecimento de água e de energia elétrica. Não é certo alguns pagarem e os outros aproveitarem de graça”, disse a aposentada Catarina Gomes, de 64 anos, que mora no prédio desde abril de 2011.

“(A Prefeitura) Fala que vai tirar a gente daqui, que vão arrumar o prédio e que depois voltaremos. Mas eu não acredito nisso. Acho que se sairmos de lá, não voltamos mais”, afirmou Catarina.

Ela conta que entre as dificuldades enfrentadas na ocupação estão a infraestrutura do local, como as escadas incompletas que foram adaptadas pelos próprios moradores. “A Prefeitura prometeu para nós que retomariam as obras em março”, conta Saulo Damasceno, 29, há seis anos no prédio.

O encanamento, no entanto, já havia sido construído no conjunto, e os próprios moradores providenciaram uma lixeira para o depósito adequado de resíduos, improvisando uma geladeira velha.

Mas mesmo assim, nem todos colaboram. “Tem um terreno baldio atrás do prédio, e alguns moradores jogam lixo pela janela para lá”, declarou a comerciante Maria de Jesus, 55, que mora no bairro há 22 anos e trabalha em frente à ocupação.

A Prefeitura de Mauá informou, por meio de nota, que já identificou todos os moradores da ocupação e que está regularizando a situação junto à Caixa Econômica Federal, que está financiando o projeto.

Ainda será investido cerca de R$ 1 milhão na obra, valor já depositado na conta da Prefeitura, para retomar a construção das moradias, além de R$ 100 mil vindos do Fundo Municipal de Habitação, que serão usados para padronizar a construção, devido às intervenções dos moradores no prédio inacabado.

Segundo a administração municipal, os moradores serão incluídos no Bolsa Aluguel enquanto a obra é retomada. O sistema de abastecimento de água será regularizado junto com o resto da construção. De acordo com a Prefeitura, não há prazo para o recomeço da obra.

A construção começou em 2006, a partir de uma parceria com o programa Morar Bem, do governo federal. O projeto prevê 40 unidades de moradia, sendo 20 verticais e 20 em casas sobrepostas. O orçamento da obra é de R$ 2,8 milhões, e até o momento, foi investido R$ 1,8 milhão.

Procurada pela equipe do Diário para verificar a situação da iluminação do conjunto habitacional, a AES Eletropaulo informou, por meio de nota, que “a instalação elétrica do prédio habitacional da Rua Pérola, continuação da Rua Capitão Rufino Ângelo Ramos, é irregular”.

Segundo a empresa, para regularizar a energia das famílias no local será necessária a avaliação da situação fundiária do local e da documentação do imóvel, bem como o cadastramento das famílias pela Prefeitura. Após essas etapas, se tudo atender à legislação, a concessionária promoverá as adequações da rede elétrica para a efetivação da ligação.

PROBLEMA ANTIGO

Em março de 2015, a equipe do Diário já havia denunciado a situação de abandono dos esqueletos do conjunto habitacional. Na época, o acúmulo de água parada e lixo assustavam moradores no entorno da obra.

De lá para cá, nenhuma intervenção foi realizada na área, por parte da Prefeitura de Mauá e também do governo federal.