Fonte: Tribuna
O grande número de imóveis entregues nos últimos anos e a crise econômica estão mexendo com o mercado de locação de imóveis em Curitiba, obrigando proprietários e imobiliárias a negociarem preços mais baixos, além de outras vantagens, com os futuros inquilinos.
Se você é dono de imóvel, a dica é negociar mesmo e não perder tempo, porque isso significa despesa com o bem parado. Se você é inquilino, a orientação é para buscar o melhor imóvel e condições possíveis, sem pressa, afinal o mercado está permitindo isso.
- Saiba quais são as regiões com aluguel mais caro em Curitiba
- Prefeitura de Curitiba renegocia alugueis e prevê economia de R$ 28 milhões
- Pensando em alugar uma casa para o verão? Veja como não cair em golpes!
Segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), vinculado ao sistema do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), o número de imóveis residenciais disponíveis na capital paranaense, incluindo casas e apartamentos, pulou de uma média de 9,9 mil em 2015 para 11,3 mil no ano passado. Neste ano, no trimestre entre abril e junho, a oferta média registrada foi de 10.861 imóveis para locação, número menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, mas que, ainda assim, representa um aumento significativo na oferta de unidades para locação.
“Imóveis que estavam demorando de dois a três meses para serem alugados agora estão levando até seis meses. É o resultado da oferta maior mesmo. Para acelerar esse processo, lançamos uma promoção, ainda no mês de junho, garantindo o primeiro aluguel grátis. Cerca de 80% dos proprietários com quem trabalhamos aceitaram participar porque sabem a importância de não ficar com o imóvel parado”, relata a diretora da Senzala Imóveis, Augusta Coutinho Loch. Condomínio, IPTU, seguro incêndio, entre outros gastos, estão entre aqueles com os quais o proprietário terá de arcar se estiver com o imóvel.
A promoção do primeiro aluguel grátis é válida para a locação de casas, apartamentos e imóveis comerciais em Curitiba aos inquilinos que apresentarem a documentação completa para análise até o dia 31 de julho e o contrato de locação assinado até o dia 7 de agosto. “A promoção vai até o fim deste mês [julho] e, desde o início, já conseguimos aumentar as locações em 15%”, complementa Augusta.
No caso dos imóveis comerciais, o salto na oferta foi ainda maior — assim como o impacto da entrega de novas unidades e da crise econômica. O número de unidades disponíveis passou de uma média de 4,1 mil em 2015 para 5,1 mil em 2016. No trimestre de abril a junho deste ano, a oferta média registrada foi de 5.951 — um aumento de 20,2% em relação ao mesmo período de 2016 e de 44,1% no caso de 2015.
“A crise afetou muito mais os imóveis comerciais. Antes de se endividarem, as pessoas encerram as atividades e devolvem o imóvel. Há vários conhecidos que fecharam lojas. Esse é o maior impacto da crise”, explica a vice-presidente de locação e administração condominial do Secovi-PR, Fátima Galvão.
“Há um grande número de conjuntos comerciais entre os imóveis vagos. Muitos que antes alugavam o espaço passaram para um imóvel próprio. Outro movimento que percebemos foi o de escritórios buscando custos menores. Duas ou mais equipes deixando o aluguel de salas para dividir uma casa comercial sem os custos de condomínio, estacionamento etc. Então além das novas unidades entregues nos últimos anos, há também aqueles que ficaram vagos por esses outros motivos”, conta Augusta.
Com o estoque de imóveis novos de Curitiba reduzido ao seu menor volume em seis anos e a retomada gradual do setor só ocorrendo a partir de agora, a expectativa é de que esse esforço de negociação e também a recuperação da economia ajudem a dar mais ritmo ao mercado de locação neste segundo semestre de 2017.
Oferta alta e crise refletem no preço de locação
De maio para junho deste ano, o preço médio de locação dos imóveis residenciais teve queda de – 0,1%. Também de um mês para outro, os imóveis comerciais, tiveram um recuo maior ainda, de – 4%. Mas se considerarmos que o levantamento do Inpespar leva em conta o preço anunciado e não o realmente fechado, a queda pode ter sido muito maior.
Essa queda nos preços devido ao aumento da oferta e outros fatores não é um fenômeno apenas de Curitiba. Segundo a pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base nos anúncios do site Zap Imóveis em 15 cidades do país, incluindo a capital paranaense, o preço médio de locação de imóveis residenciais teve queda nominal de 0,12% em junho na comparação com maio.
Já no acumulado do primeiro semestre de 2017, os aluguéis tiveram alta de 0,47%, enquanto nos últimos 12 meses, houve uma retração de 1,01%. Nos dois casos, as variações que ficaram abaixo da inflação oficial medida pelo IPCA, de 1,18% em 2017 e 2,9% nos últimos 12 meses. O levantamento da Fipe incorpora em seu cálculo apenas os novos contratos e não considera a correção dos aluguéis em contratos vigentes.
O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), usado no reajuste dos contratos de aluguel, acumula deflações de 2,65% em 2017 e de 1,66% em 12 meses, segundo dados divulgados nesta quarta (19) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Locação em Curitiba
O aumento da oferta dos imóveis para locação na capital paranaense está forçando os proprietários a cederem mais na negociação. Acompanhe: