Quem dá o preço do imóvel é o vendedor! Pode até parecer uma regra, mas nenhuma negociação envolvendo compra e venda de imóveis tem valor imutável ou inegociável. O mercado influencia diretamente no preço, mas as particularidades do comprador e do vendedor também são pontos essenciais para fixação do valor do negócio.

Os índices indicativos do preço médio dos imóveis no Brasil demonstraram um leve aumento de 1,03% no mês de janeiro de 2020, desempenho ligeiramente abaixo do que foi registrado em dezembro de 2019, quando a alta foi de 1,07%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, uma análise crua desses dados faz concluir que os imóveis estão sendo vendidos um pouco mais caros. Porém, a questão vai muito além disso.

Segundo ele, o que vai ditar o aumento no preço do imóvel será a procura. Quanto maior a busca, maior o poder de barganha do vendedor. “E nesse sentido de elevação do preço, a ideia que se tem é que o mercado está aquecido pela procura e pela venda a preços mais atrativos ao vendedor. Mesmo que esses valores reflitam o acompanhamento de imóveis vendidos via financiamento bancário, não há como assegurar que o mercado está efetivamente aquecido e que as vendas melhoraram”, observa Vinícius Costa.

De qualquer forma, para quem vende ou compra, nem sempre dados indicativos de valorização imobiliária são bons, conforme o advogado. Tirando que para o vendedor negociar um valor mais alto é melhor, de resto, não se vê muita vantagem. Imóvel vendido mais caro implica em maior pagamento de comissão e recolhimento de ganho de capital, como considera o presidente da ABMH. “E para o comprador, significa maior pagamento do ITBI, maior valor financiado e, se houver revisão do valor do bem pela Prefeitura, maior pagamento de IPTU. Um aumento desenfreado do valor dos imóveis, ou supervalorização, no final só privilegia certas camadas. Por isso é importante pensar nas consequências do negócio supervalorizado antes de assinar qualquer contrato.”

Além disso, independente de índices percentuais, a negociação de imóveis leva muito em consideração as condições particulares do vendedor e do comprador. “Aquele que tem pressa na venda, por necessidades das mais variadas, acaba fazendo um negócio não tão bom em termos de valor, simplesmente porque precisa solucionar um problema. Já aquele que compra em estado de necessidade também poderá estar sujeito a um negócio não muito bom, porque às vezes acaba pagando mais do que efetivamente possa valer aquele bem”, pontua Vinícius Costa.