Fonte: Extra

As mudanças implementadas pelo governo federal no programa habitacional “Minha casa, minha vida” animaram o setor imobiliário. Profissionais da área sinalizam que os ajustes na renda familiar e no valor dos imóveis vão resultar em novos lançamentos e, consequentemente, movimentar os empregos na construção civil. (veja quadro acima).

Construtoras focadas no mercado do “Minha casa, minha vida” também receberam a notícias com otimismo. Cury, Tenda e MRV, por exemplo, acreditam que as regras ampliarão o acesso ao programa e aumentarão o número de pessoas que podem se beneficiar.

— O aumento na renda familiar de R$ 6, 5 mil para R$ 9 mil é a grande sacada. Antes, essa faixa de renda não tinha acesso ao programa e acabava não conseguindo comprar financiando por conta dos juros elevados — analisa Mariliza Fontes Pereira, diretora do escritório de arquitetura Mdoito, focada em projetos de empreendimentos do “Minha casa, minha vida”.

Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), prevê o aumento do número de lançamento já este ano e redução das unidades em estoque.

— As novas regras permitirão que mais unidades habitacionais passem a integrar o programa, o que beneficiará o setor e também a população. São medidas que vêm animar o mercado, que ainda precisa de outros estímulos, como facilidade de crédito e segurança jurídica — disse ele.

O diretor geral da Brasil Brokers no Rio de Janeiro, Mario Amorim, afirma que as medidas sinalizam que o governo parece entender a importância do setor de construção civil para a economia brasileira.

— Mais negócios deverão acontecer, o que acarretará a necessidade de se contratar mais mão de obra para erguer novos projetos imobiliários — crê ele.

Já na opinião do professor do MBA Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil da FGV, Paulo Porto, o incentivo ao crédito não será responsável pela retomada do setor.

— O momento não é de confiança por conta da crise econômica. Além disso, as taxas de juros ainda são altas e o índice de desemprego também. Mesmo com incentivo ao crédito, o futuro comprador tem medo de não conseguir arcar com as prestações de longo prazo — defende ele.

Porto também sinaliza que a classe C, foco do programa federal, também está sendo atingida pelo desemprego e a compra da casa própria acaba não fazendo parte das prioridades:

— Pesquisas com a classe C mostram que 70% dos clientes trocam uma coabitação para adquirir um imóvel. E 30% saem do aluguel para prestação da casa própria. Com medo do futuro, estas pessoas podem aguardar um pouco mais.

Opiniões

“Com as alterações, o mercado ganha um forte impulso”. Rodrigo Resende, diretor de Marketing da MRV

“Os novos limites vão permitir que a construtora passe a oferecer opções em outras regiões”. Fabricio Quesiti Arrivabene, diretor de Ciclo Financeiro da Tenda

“Acreditamos que as medidas irão ajudar a aquecer o setor da construção civil”. Leonardo Mesquita, diretor de negócios da Cury

Novas regras

Faixa 1

Não há alteração

Faixa 1,5

A renda familiar, que era de R$ 2.350, vai subir R$ 2.600. O subsídio vai passar de R$ 45 mil para R$ 47.500. A taxa de juros anual é de 5% com prazo de até 30 anos para quitar o imóvel.

Faixa 2

A renda familiar vai subir de R$ 3.600 para R$ 4 mil. O subsídio será de R$ 27.500. A taxa vai continuar variando conforme a renda. Para rendimento de até 2.600, os juros são de 5,5% ao ano. De R$2.600 a R$ 3 mil, de 6%. De R$ 3 mil a R$ 4 mil, de 7%.

Faixa 3

A renda familiar passará de R$ 6.500 para R$ 7 mil. Não tem subsídio. Os imóveis poderão ter limite de R$ 240 mil. Os juros anuais são de 8,16%

Faixa 3 (expansão)

Renda bruta familiar de R$ 7 mil a R$ 9 mil. Não tem subsídio. Os imóveis financiados no Rio poderão ter valor máximo de R$ 300 mil. Os juros serão de 9,16% ao ano.

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