Fonte: G1

Uma obra que está parada há mais de um ano em um condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida, em Niterói, na Região Metropolitana, está tirando o sono de centenas de famílias que ficaram sem nenhuma explicação. A construtora responsável pelas obras interrompeu os trabalhos e não deu satisfação a nenhum proprietário.

O auxiliar administrativo Aluísio Pereira pretendia se mudar com a mãe para um lugar melhor, enquanto a designer de moda Marli Pereira ia presentear o filho. O militar Douglas Araújo e a enfermeira Izabella dos Santos esperavam para marcar o casamento e a auxiliar de creche Tatiany Menezes e o Michel buscavam espaço para aumentar a família.

No entanto, esses e tantos outros planos e projetos de vida de todo esse pessoal estão interrompidos desde outubro de 2015, quando a empreiteira responsável pela construção de um condomínio parou a obra.

Os apartamento deveriam ter sido entregues em julho do ano passado. Mas a realidade é que os sete blocos com 340 unidades no bairro Fonseca estão longe de serem concluídos. Enquanto a obra não levanta, a pilha da burocracia só cresce para quem está esperando o desenrolar dessa história.

A papelada reunida pelo projetista Tony Barreto foi apresentada ao Ministério Público depois de várias tentativas de contato com a empreiteira e com a Caixa Econômica Federal, sem nenhum retorno.

“Tinha um sonho de morar na minha residência. Meu imóvel não está pronto. Hoje eu moro de favor na casa de parentes e comprei para sair. A gente fica desesperado, a gente fica sem saber o que fazer. Até agora, nada”, disse o projetista.

Um problema que se arrasta e leva junto a saúde de Aluísio. Ele passou mal ao lembrar que usou R$ 30 mil do Fundo de Garantia para comprar uma casa que não fica pronta.

“Fiz toda papelada direitinho e não tenho onde morar. Não tenho onde morar. A gente quer uma posição consolidada da Caixa. Ninguém responde nada. Ela (a mãe) fica doente, não tem vontade de sair. Fiz minhas economias, fiz planejamento, não tenho onde parar meu carro, não tenho casa. Estou saindo para dar conforto, comprei tudo. Você não tem coragem para nada”, disse Aluísio.

Ninguém sabe se vai entrar na casa nova ou quando isso vai acontecer. As prestações deste financiamento pela Caixa só começariam a ser pagas com a entrega das chaves, mas muita gente já deu entrada, gastou com análise de crédito, com a documentação do imóvel e todo o mês desembolsa uma taxa de amortização dos juros. E quem não paga recebe carta avisando que o nome vai para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

A confusão é tão grande que tem gente sem contrato com a Caixa Econômica Federal. O garçom Darvin da Silva Miller Leite tinha feito contrato direto com a empreiteira, que sumiu. Agora, ele está num limbo jurídico.

Izabella conta que há seis meses pararam de cobrar o financiamento. Ela achou que era porque o prazo para a entrega do apartamento que era de dois anos se sete meses tinha expirado.

Com todo esse problema, Douglas Araújo, nem querem mais essa casa. “Não quero mais, só quero resolver numa boa para poder fazer outro financiamento com a Caixa. A gente quer o distrato. Eles não dão. A gente só quer sair desse imóvel para conseguir um outro novo com as mesmas condições. Queremos fazer um contrato com outro empreendimento, só queremos sair desse, esse está dando muito problema para a gente”, disse Douglas.

Tatiany e o marido Michel precisam do novo apartamento. A família está crescendo e eles sonham com o quarto do bebê.

A Caixa Econômica Federal disse que tentou contato e notificou a construtora Imperial Engenharia. Mesmo assim a empreiteira não retomou as obras nem respondeu ao banco. A Caixa disse que iniciou um processo para contratar uma empresa substituta e que aguarda propostas das construtoras interessadas em retomar a obra. Não há prazo para terminar esse processo.

O Bom Dia Rio também tentou contato com a Imperial Engenharia, mas o telefone encontrado no cadastro de pessoa jurídica é de uma outra empresa que diz não ter relação com a construtora.