Fonte: A Tribuna de Mato Grosso

Só quem passa pela sensação de não ter onde morar ou então, ao chegar o dia do vencimento do aluguel também não ter dinheiro para pagá-lo, pode descrever com precisão qual é o sentimento e a dificuldade de não ter sua casa. Sabidamente, Rondonópolis ainda tem um deficit habitacional enorme. Muita gente nesta cidade aguarda há anos em filas de programas habitacionais. Existem hoje na cidade dois grandes conjuntos habitacionais que estão com obras paradas ou atrasadas. O problema de moradia é enorme, desafio para o novo prefeito.
Além das pessoas que realmente precisam, surge também um outro grupo de pessoas: os espertinhos. São aqueles que se aproveitam de situações para tentar “se dar bem”. Anteontem (27) um antigo clube da cidade, localizado na Vila Paulista, que está abandonado há 20 anos, foi ocupado por famílias sem teto. Curioso fato, é que entre os invasores existem muitas pessoas que relataram ter casa ou terreno, pessoas que chegaram de carro ou de motocicleta, pessoas que estão em busca apenas de um lucro fácil.
É errôneo dizer que entre os invasores não existem pessoas que realmente precisam de um teto, elas estão lá sim. No grupo, há gente muito pobre, em extrema dificuldade e que está tentando sobreviver. Mas o fato é que invadir área pública é crime, e as pessoas que invadem não podem ter preferência em conseguir sua casa perante aquelas que, dentro da legalidade, aguardam em filas da Secretaria de Habitação.
As ocupações não acontecem de forma isolada, existe toda uma preparação prévia para que elas ocorram. Geralmente existe um líder que já conhece o terreno a ser ocupado, a sua situação em face das determinações legais, alguém que incentiva e que forma o grupo de invasores. Essa liderança junta as pessoas desesperadas por um lar, explorando a situação difícil delas, com pessoas interessadas apenas em se dar bem. Geralmente, não são conhecidos. Em Rondonópolis, foram várias invasões nos últimos anos, e nunca se soube quem promoveu, quem foram os “cabeças”. Se foram identificados, não se tornou público. Até quando essas grandes invasões orquestradas vão acontecer na cidade?
Essas invasões geralmente ocorrem à noite ou nos finais de semana onde existe uma menor possibilidade de intervenção do Poder Público. Munidos das ferramentas combinam data e hora exatas para a ocupação, também levam consigo materiais de construção, necessários para levantarem a habitação. E a partir daí, vários loteamentos clandestinos vão surgindo, transformando-se em verdadeiros bairros, onde serão construídas casas da forma que lhes convir. Essa é a possibilidades que as pessoas menos favorecidas encontram de conseguir um lugar para viver.
Em alguns casos, passados alguns anos, essas invasões são transformadas em áreas legalizadas e chegam até a receber alguma infraestrutura.