Fonte: Segs

A cidade tinha os vazios urbanos como grande problema, mas está usando as grandes áreas para atrair empreendimentos imobiliários. Eles chegam para atender à cidade que cresce acima da média do Estado em população, emprego e renda. Um exemplo está acontecendo na região do Garavelo, onde um novo condomínio horizontal será implantado em terreno de oito alqueires.

Com a segunda a maior população de Goiás, Aparecida de Goiânia que comemora no próximo dia 14, 53 anos de emancipação política, ocupa a 19º posição dos municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes, segundo estimativa populacional feita em 2016 pelo IBGE. De acordo com o Instituto, só nos últimos seis anos, a população da cidade aumentou em 76 mil pessoas, um crescimento de 16,78%. Só no último ano, o crescimento foi de 2%, quase o dobro da média do Estado, que ficou em 1,28%. Segundo dados do último Censo Brasileiro, entre 2000 e 2010, a população da cidade cresceu a uma taxa média anual de 3,20%, contra 1,17% da média nacional.

O crescimento populacional está diretamente ligado ao desenvolvimento econômico. Aparecida de Goiânia detém o terceiro maior PIB do Estado (R$ 8,5 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2013). De 2010 a 2014 a geração média de riquezas do município dobrou, também segundo estimativa do IBGE.

Aliado ao crescimento econômico e demográfico, a cidade também tem experimentado nessa última década uma grande melhora em sua infraestrutura urbana. Se há pouco mais de uma década Aparecida de Goiânia era considerada como uma cidade dormitório, hoje atraiu os olhares do mercado imobiliário, que percebe em seus vazios urbanos – outrora um grande problema – uma grande oportunidade.

“Aparecida ainda tem uma boa quantidade de áreas a preços mais baixos do que em Goiânia, e isso tem atraído muitos empreendimentos, sejam residenciais ou comerciais”, afirma José Humberto de Carvalho, diretor da URBS RT Lançamentos Imobiliários, uma das maiores empresas do setor no Estado.

Outro ponto positivo que faz de Aparecida de Goiânia a “menina dos olhos” do mercado imobiliário é que a cidade tem atraído um número cada vez maior de empresas de médio e grande porte. Em sete anos, segundo dados da Secretaria de Finanças do Município, a cidade conseguiu ampliar em quase 500% o seu número de empresas ativas. Para se ter um exemplo, só de indústrias, o município saltou de 590, em 2008, para 3.513, neste ano de 2016. Desse total de estabelecimentos, ao menos 500 são grandes empresas com faturamento na casa dos milhões.

Cidade das oportunidades

A consequência da chegada das empresas: uma atração também cada vez maior de pessoas vindas de várias partes do Brasil em busca de emprego e boas oportunidades de negócios. Para ter ideia, em apenas um ano, a cidade ganhou mais de 10 mil novos habitantes. De acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Aparecida de Goiânia foi a cidade goiana que mais gerou emprego no ano de 2014. Foram criadas 3.009 vagas durante todo o ano passado. Número que ficou acima da capital, onde foram criados 1.590 novas oportunidades de trabalho.

De acordo com o diretor da URBS RT Lançamentos Imobiliários e especialista em mercado imobiliário, José Humberto de Carvalho, o perfil dos imigrantes que são atraídos para Aparecida de Goiânia é de pessoas que querem ficar na cidade, pois encontram trabalho e uma infraestrutura urbana muito boa. “Com isso Aparecida de Goiânia deixa o título de cidade dormitório, pois o emprego e a renda estão na cidade, o que gera também uma enorme demanda habitacional, pois as pessoas querem se estabelecer na cidade”, frisa o executivo.

Valorização

Um reflexo disso é o preço do m² da cidade, que em dois anos (entre 2013 e 2015), valorizou 23,5%, superando pela primeira vez na história o m² da capital que, tradicionalmente é maior. Neste período, Goiânia ficou com valorização de 22,5%. Os dados são do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-GO). O valor médio do m² em Aparecida de Goiânia era de R$ 1.826,68, em janeiro de 2010, e saltou para R$ 3.076,18, em janeiro deste ano, segundo levantamento. Uma valorização de mais de 40% no período. Mesmo em plena crise, o número de lançamentos na cidade tem crescido. No ano passado foram cinco, para este ano já são 11, segundo pesquisa do Creci-GO.

“O município registrou não só um crescimento econômico grande, mas isso felizmente também veio acompanhado de uma melhora muito grande nos equipamentos e serviços urbanos, como escolas, pavimentação de ruas, expansão das redes pública e privada de saúde, mais áreas de lazer. E tudo isso, consequentemente, atrai grande empreendimentos comerciais como shoppings, bancos, supermercados, que por sua vez geram mais renda e oportunidade de emprego para a cidade”, destaca José Humberto.

Condomínios horizontais

Diante do enorme crescimento econômico ocorrido nesta última década, Aparecida de Goiânia passou a ter, não só uma demanda por mais domicílios, mas também por habitações de mais qualidade. Com a disponibilidade de áreas dentro da zona urbana, o setor imobiliário está transformando “o limão” dos vazios urbanos em “limonada”.

É o caso da Cinq Desenvolvimento Imobiliário, que lança o Parqville Pinheiros, um condomínio em uma área com cerca de oito alqueires na região do Garavelo. “Encontramos um grande terreno em uma área muito bem localizada dentro da Região Metropolitana, já com uma malha viária próxima, facilitando principalmente a mobilidade. O setor Garavelo é uma região desenvolvida com comércio forte, diversificado, vários equipamentos comunitários e urbanos como bancos, escolas, postos de saúde. É uma região que já tem dois grandes shoppings. Portanto, tem tudo perto”, afirma Paulo Henrique.

Ao todo serão 415 lotes a partir de 300m². O projeto do condomínio segue premissas de valorização do pedestre, a convivência entre as pessoas e do verde. “Apesar do enorme desenvolvimento econômico e social que a região experimenta, ainda há carência de uma moradia com esse padrão. Isso acontece na cidade como um todo”, afirma Paulo Henrique Ribeiro, diretor técnico da Cinq.

Com a possibilidade de ter seus vazios urbanos ocupados por grandes condomínios horizontais, a cidade de Aparecida pode experimentar um desenvolvimento urbano mais democrático, conforme explica o diretor da Cinq. “Quando você constrói um condomínio vertical, você tem, basicamente, um projeto único de arquitetura e um projeto só de engenharia. Mas quando você tem 300 lotes, você pode ter 300 arquitetos para fazer projetos diferentes, podem ser 300 engenheiros para construir 300 casas, também serão 300 pequenas obras que irão comprar material dos estabelecimentos da região. Isso movimenta a economia da cidade. É mais democrático”, defende Paulo Henrique.

Segundo ele, depois de pronto, um condomínio horizontal continua gerando mais oportunidades e desenvolvimento para a região onde está instalado. “Depois de concluídas, essas habitações irão continuar gerando trabalho para a vizinhança e desenvolvendo comércios como padarias, farmácia, supermercados, ou seja, é um tipo de empreendimento que traz um desenvolvimento e uma valorização naturais para suas adjacências”, esclarece o executivo da Cinq.

Os condomínios horizontais têm sido, inclusive, segundo José Humberto Carvalho, diretor da URBS RT, uma tendência crescente no mercado imobiliário de Goiás. “O goiano sempre gostou de morar em casa, porém, nos últimos anos teve que se preocupar muito mais com a questão da segurança. Por isso os condomínios horizontais representam uma excelente alternativa para quem busca o conforto e o aconchego de uma casa, mas aliados à segurança e a comodidade de um prédio. Além do mais, nesse tipo de empreendimento você pode contar com uma infraestrutura de lazer que não se consegue encontrar num prédio, como por exemplo, uma pista de caminhada, ciclovia, campos de futebol, quadra poliesportiva, uma área verde enorme. Enfim é uma estrutura muito mais completa”.

Vazios urbanos

Por décadas Aparecida de Goiânia sofreu com surtos de parcelamentos feitos de forma desordenada, em regiões sem o mínimo de infraestrutura urbana, em áreas não contínuas, e sem critérios que levassem a cidade a um desenvolvimento ordenado. Como consequência disso ficaram os chamados vazios urbanos, que são grandes áreas ociosas que existem devido ausência de ocupação funcional ou de interesse social.

De acordo com a diretora de gestão do Plano Diretor da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplam), Janaína de Holanda, a partir de 2007, para resolver o problema dos vazios urbanos, essas áreas passaram a ser ocupadas por polos industriais, graças a políticas públicas que levaram infraestrutura, principalmente de mobilidade, gerando assim uma conectividade entre os bairros. Por consequência, vieram também os empreendimentos residenciais.

“Aparecida de Goiânia tinha um passivo de áreas muito grande. Houve então um forte investimento, nas proximidades desses enormes terrenos ociosos, em pavimentação, saneamento, iluminação pública, em equipamentos comunitários como escolas, creches, unidades básica de saúde. Essas áreas gigantescas, que chegavam ter mais de 300 lotes pertencentes a um só dono, não cumpriam sua função social, que é a de abrigar moradias ou empresas que gerassem empregos e arrecadação para a cidade”, explica Janaína Holanda.

Segundo a diretora da Seplam, com essa mudança de paradigma, as empresas, o corpo político e a própria população começaram a perceber que havia um projeto sério para a cidade e passaram a ter mais confiança e investir na cidade.

De acordo com José Humberto Carvalho, diretor da URBS RT Lançamentos Imobiliários, empresa que trabalha com muitos empreendimentos em Aparecida, nos últimos anos a cidade também adotou uma política pública mais rápida e desburocratizada em relação a liberação de empreendimentos. “Acho que isso ocorreu justamente para que a cidade ocupasse esses vazios urbanos com construções que trouxessem desenvolvimento para a cidade”, avalia José Humberto.