Recentemente, a Caixa anunciou a elevação da cota de financiamento do imóvel usado, de 50% para 70%, no caso de clientes do setor privado pelo Sistema de Financeiro de Habitação (SFH), que envolve unidades de até R$ 750 mil. No entanto, esta e outras medidas de estímulo não devem ser suficientes para reverter um movimento que o próprio banco desencadeou há cerca de um ano. Uma prova disso é que a busca por locação de residências tem crescido desde meados de 2015. A expectativa é que fique no mesmo patamar que a procura pela aquisição de imóveis, liquidando uma diferença que chegava a um terço das buscas em anos passados.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, o interesse em comprar um imóvel ainda é grande, mas as condições não estão favoráveis. “Apesar do estímulo recente na cota de financiamento, a política de juros da Caixa tem se tornado mais restrita nos últimos meses. Os bancos estão rígidos na aprovação do financiamento e falta crédito, principalmente por causa do desgaste da caderneta de poupança”, observa.

Para quem a única saída atualmente é o aluguel, o presidente da ABMH, diz que, apesar de não ser o que a pessoa sonhava, existem algumas vantagens nesta modalidade de moradia. “Os gastos com fundo reserva e taxas extras/extraordinárias devidas ao condomínio são de responsabilidade do proprietário, o valor do aluguel é menor que da prestação mensal de um financiamento, em caso de venda do imóvel locado, o locatário tem preferência na compra, e não responde por dívidas anteriores à locação, referentes a IPTU ou taxas de condomínio. Além disso, para formalizar o negócio, não há despesas cartorárias nem pagamento de ITBI, basta um contrato particular, que pode ser até verbal”, enumera.

Para aqueles que podem escolher, do ponto de vista exclusivamente financeiro, considerando que os imóveis não têm se valorizado nos últimos meses, o cálculo é simples, se o valor dos juros, correção monetária, fundo reserva (se imóvel em condomínio), e seguros for maior que o valor do aluguel e encargos locatícios, o melhor é optar pela locação e poupar a diferença do que seria o valor da prestação do financiamento; assim, se futuramente a pessoa se interessar pela compra, ela terá feito uma boa poupança para a entrada ou pagamento com recursos próprios. Por seu turno, nos casos em o aluguel e encargos for maior, vale a pena optar pela compra.

Cada caso precisa ser analisado isoladamente. Mas, em geral, o financiamento com recursos do FGTS, que engloba os contratos do programa Minha Casa Minha Vida e o Pró-Cotista, tem juros mais em conta, e acaba sendo uma opção melhor que aluguel. No caso do Pró-Cotista, o comprador precisa ter pelo menos três de carteira assinada com recolhimento do Fundo de Garantia, não ser possuidor de outro imóvel, e optar por uma unidade avaliada em até R$ 500 mil. Além disso, quem optar pela compra deve tomar alguns cuidados com as condições do imóvel, e com a documentação dos vendedores e do próprio bem, mais detalhes em nossa cartilha (www.abmh.com.br/cartilha).

A ABMH presta consultoria gratuita na análise financeira e jurídica que envolvam dúvidas a respeito do tema.