Poucos dias atrás, a Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH) comemorou a notícia divulgada pela Caixa Econômica Federal de aumento no percentual máximo de financiamento de imóveis usados e possibilidade de financiamento do segundo imóvel. As novas regras vieram num momento extremamente oportuno, justamente quando o mercado imobiliário sofre um dos maiores desaquecimentos dos últimos dez anos.
No entanto, a alegria durou pouco, já que, no último dia 28, a Caixa anunciou o aumentou da taxa de juros, dificultando a vida de quem pretende adquirir um imóvel através de financiamento com recursos da poupança (Sistema Financeiro da Habitação) ou do Sistema Financeiro Imobiliário, como analisa o presidente da ABMH, Lúcio Delfino. “A boa notícia, se é que assim podemos considerar, é que as linhas do FGTS e do Minha Casa Minha Vida não foram afetadas”, acrescenta.
A taxa balcão – para não clientes da Caixa – passa de 9,9% para 11,22% ao ano, para compra de imóveis pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH). Já para o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que costuma financiar imóveis acima de R$ 750 mil, a taxa para não clientes subiu de 11,5% para 12,5% ao ano. As novas taxas entraram em vigor na quinta-feira (24). É a primeira vez no ano que a Caixa aumenta os juros para crédito imobiliário. O último reajuste aconteceu em outubro do ano passado.
Na prática, ele explica que o aumento da taxa de juros significa prestações maiores e mais despesas com o pagamento de juros ao final do prazo do financiamento. “A prestação inicial de um financiamento com o Sistema Constante de Amortização (SAC), com prazo de 20 anos (240 meses), em que o mutuário possua relacionamento e receba seu salário através da CEF, pode aumentar em torno de 5% a 7%, ou seja, uma parcela de R$ 2.000 poderia chegar a R$ 2.140, e o total de juros pagos – se não houver nenhuma amortização extraordinária por parte do mutuário – pode representar 10% a mais que nas condições anteriores”, explica Delfino.
E não é só. Além do aumento da taxa de juros o índice de correção monetária que incide sobre o saldo devedor dos financiamentos habitacionais, a TR (taxa referencial) também sofreu variações positivas nos últimos meses, o que também se reflete em aumento da prestação. “Por isso, mais do que nunca, o candidato à casa própria deve analisar bem as condições do financiamento antes de assinar o contrato, e nunca comprometer mais de 20% da renda familiar com o pagamento das prestações. Mais detalhes em nossa cartilha da casa própria”, orienta o presidente da ABMH.
Outra orientação é pesquisar antes de fechar o negócio, segundo Delfino. “Considerando o atual patamar das taxas de juros cobradas pela Caixa Econômica Federal, é possível que as taxas de juros praticadas por outras instituições financeiras, que também operam com recursos do SFH e SFI, fiquem menores que aquelas apresentadas pela Caixa, especialmente quando o mutuário já tem relacionamento com o banco. Compensa pesquisar!”