Por Bruna Lage, Diário do Aço

IPATINGA – Quem planeja adquirir um imóvel deve ficar atento às mudanças anunciadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) nessa segunda-feira, dia 28. Com os juros fixados para novos financiamentos, as prestações vão oscilar de R$ 125 a R$ 1.019, dependendo do valor do imóvel e do tipo de relacionamento do mutuário com o banco. O levantamento foi divulgado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) após o anúncio das novas taxas. A medida é considerada negativa, pois pesará no bolso dos compradores. Os valores só valem para contratos assinados a partir do último dia 24.

O presidente da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio de Queiroz Delfino, observa que o aumento não inviabiliza o financiamento, mas sim impacta diretamente no valor da prestação. Ele explica que o aumento será grande ao fim do financiamento, pois a base de cálculo é alta. “No fim, há uma diferença grande, já que o valor de juros aumenta em torno de 10%. É uma notícia ruim porque vai onerar a pessoa. É um balde de água fria porque, há poucas semanas, a CEF anunciou o aumento no percentual de financiamento de imóveis usados e agora vem com essa mudança nos juros”, lamenta Lúcio Delfino.

Para o financiamento de imóveis de R$ 300 mil pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) com a tabela Price (prestações fixas), as prestações subirão de R$ 156,47 a R$ 266,48. As taxas para essas linhas, que estavam entre 9,3% e 9,9% ao ano, passaram para uma faixa entre 10% e 11,22%. Nos financiamentos de imóveis do mesmo valor pelo sistema de amortização constante (prestações decrescentes), o impacto na prestação ficará entre R$ 125 e R$ 250. Nessa modalidade, os juros aumentaram de uma faixa entre 10,5% e 11,5% ao ano para um intervalo entre 11% e 12,5% ao ano.

As parcelas dos financiamentos de imóveis de R$ 750 mil pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) com a tabela Price subirão de R$ 200,75 a R$ 1.019,22. No sistema de amortização constante, a prestação de um financiamento de R$ 750 mil subirá de R$ 312,50 a R$ 616. Até agora entre 10,5% e 11,5% ao ano, as taxas do SFI passaram para uma faixa entre 11% e 12,5% ao ano.

Os juros dos financiamentos da Caixa variam conforme o grau de relacionamento do mutuário com o banco. Quem não é correntista paga taxas mais altas. Quem tem conta no banco paga menos, com desconto maior caso também receba salário pelo banco. Servidores públicos também têm desconto nos juros.

Venda
O proprietário da Moradia Imobiliária, José de Oliveira, explica que o mercado e o país estão um verdadeiro caos. Para ele, o aumento nos juros inviabiliza qualquer negociação. “Você está se programando para adquirir um imóvel e, de repente, vem um aumento desses. Parece pouco 1%, mas o volume, num financiamento de 30 anos, é alto”, aponta.

O empresário pondera que o país atravessa uma crise sem precedentes, com governantes perdidos, que lutam pela manutenção do cargo e não em prol da população.

Com a instabilidade, o país não tem crédito. “Então, o governo liberou um valor para financiamento recentemente, criou novos valores para financiamento de imóveis, mas não tem esses recursos todos alocados. O que se faz? Eleva a taxa de juros para dificultar o acesso das pessoas. Porque se não eleva, teria uma procura acima da média e o governo não tem os recursos”, esclarece.

José de Oliveira lembra que Ipatinga passa por um momento crítico, com a crise do país e a crise do aço. “Esse aumento de juros foi um balde de água fria em nossas pretensões. Liberaram um valor a ser financiado, mas criaram barreiras para que ninguém tenha acesso, é lamentável”, conclui.

Juros pouco atrativos

O presidente da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio de Queiroz Delfino, observa que a taxa de juros da Caixa está muito próxima da praticada pelos bancos privados. Quem vai financiar e não consegue recursos do FGTS, deve fazer uma pesquisa nos outros bancos, orienta.
Para o presidente, não há necessidade da taxa de juros da CEF que é praticada atualmente, se comparado o retorno que a Caixa tem, mantendo relacionamento com clientes e obtendo vantagens sobre eles. Lúcio Delfino destaca que a linha de crédito que a Caixa repassa para o mutuário tem um rendimento muito baixo. Além disso, essa taxa é repassada juntamente com a Taxa Referencial, e a CEF ganha praticamente o dobro pela gestão do recurso.

“Pode pesquisar no mercado. Até então, a Caixa tem as melhores taxas. O ponto principal é que, quem vai fazer financiamento, nunca deve comprometer mais de 20% da renda familiar, porque existem outras questões, como seguro, os custos de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI) e com cartório, mudança, móveis, entre outros detalhes que devem ser colocados na ponta da caneta”, salienta.