A pesquisa Raio-X FipeZAP, que acompanha os valores em 20 cidades brasileiras (dentre elas as principais capitais), divulgada na última semana, revelou que os preços dos imóveis tiveram alta de 0,84% nos últimos 12 meses. Enquanto isso, a inflação do período, de acordo com o IPCA, é esperada em 3,85%, o que significa queda de três por cento do preço real dos imóveis.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, este cenário resulta em duas conclusões: primeiramente, que ainda é um bom momento para adquirir um imóvel, em segundo lugar, que 2017 deve ser o último ano de queda no preço real dos imóveis. “Basta lembrar que em abril de 2016 esse mesmo comparativo indicava queda de 9% no preço real, ou seja, a diferença entre o aumento dos preços e a inflação tem caído bastante e deve zerar ou se inverter até o final do ano. Para medir se houve queda ou aumento do preço real, basta comparar a variação do preço do metro quadrado nos últimos doze meses (+ 0,84%), com a inflação do mesmo período (+ 3,85%)”, compara.
Além da queda no preço real, como existe a demanda continua em baixa, os vendedores têm concedido descontos extras, fazendo com que o preço fique abaixo da avaliação do mercado, observa Delfino. “Por isso, comprar ou trocar de imóvel agora pode ser uma boa alternativa, especialmente para quem pode pagar a metade, ou mais, do valor à vista. Lembrando que nesse valor de entrada, o comprador pode se utilizar de recursos próprios, FGTS ou outro bem, como um veículo ou imóvel de menor valor (operação chamada de permuta).”
E não é só, diante do grande estoque de imóveis, o comprador possui maior poder de escolha, podendo optar por uma unidade que vá lhe trazer maior comodidade e conforto. “Uma boa oportunidade pode ser a aquisição de um imóvel usado. Além do preço da unidade em si, o mercado de reforma e acessórios também se encontra em baixa, o que pode resultar numa maior economia para construir ou reformar”, sugere o presidente da ABMH.
Observadas estas considerações, Delfino diz que é importante ressaltar que a compra de um imóvel, em geral, não representa somente um investimento financeiro, pois se trata da moradia de uma família, e isso também precisa ser levado em consideração. “Mesmo assim, o imóvel é um investimento sólido, que, a longo prazo, sempre se valoriza e que pode ser vendido ou alugado a qualquer momento.”
Por isso, é fundamental ficar atento ao fechar o negócio! Com relação à documentação, é preciso verificar:
- documentos pessoais de todos os proprietários; ou, quando se tratar de pessoa jurídica, o contrato social e última alteração contratual, acompanhados da certidão simplificada atualizada expedida pelo órgão onde a empresa estiver registrada (validade 30 dias);
- quando o vendedor é pessoa física, certidão(ões) de casamento ou nascimento atualizada(s) de todos os proprietários (validade 90 dias);
- certidões negativas de ações (ou feitos) ajuizadas, expedidas pela Justiça Comum (estadual), Justiça Federal e Justiça do Trabalho, em nome de todos os proprietários (validade 30 dias);
- certidão de matrícula do imóvel, com ônus e ações, expedida pelo cartório de registro de imóveis (validade 30 dias);
- certidão negativa de débitos junto ao Município (principalmente IPTU), obtida junto à Secretaria Municipal de Tributação (validade 30 dias);
- declaração de inexistência de débitos condominiais, quando o imóvel for o caso, expedida pelo síndico do condomínio, acompanhada da ata que o elegeu devidamente registrada (validade 30 dias);
- declaração de inexistência de débitos junto às companhias de gás, energia e água (validade 30 dias).
Além disso, antes de fechar o negócio…
- conheça bem o imóvel antes de assinar o contrato, visitando-o em horários diferentes do dia, para conhecer a realidade do local, tais como a segurança e a vizinhança; pergunte sobre odores, desapropriações, vazamentos, desabamentos e inundações; considere a posição do imóvel em relação ao sol, e como você se sentiu nele;
- verifique quais serão as despesas extras; além do preço do imóvel, o comprador deve lembrar que terá gastos com mudança, despesas com instalações elétrica e hidráulica ao, eventual compra de móveis e eletrodomésticos, decoração, tributos, custas cartorárias, entre outros; no caso do imóvel usado, é comum que necessite de reformas antes de receber os novos moradores; por isso, é importante fazer uma avaliação prévia do custo dessas intervenções contando com a ajuda de um profissional habilitado; embora pareça só um detalhe, é necessário colocar tudo isso na ponta da caneta antes de assinar o contrato, evitando surpresas desagradáveis e, até mesmo, a inviabilidade do negócio;
- com relação à parte burocrática, recorra à consultoria de um especialista, que deverá analisar toda a documentação e, em especial, os contratos a serem firmados com o vendedor e com o agente financeiro (se for o caso de financiamento).